°Religião
Entre púlpitos digitais e arenas políticas, dois líderes que moldam a fé e o discurso público do país.
O cenário evangélico brasileiro é vasto, multifacetado e, muitas vezes, polarizado. Entre os nomes que melhor traduzem essa pluralidade estão Silas Malafaia e Deive Leonardo — dois pastores que representam gerações, estilos e estratégias de comunicação distintas, mas igualmente influentes.
Ambos atuam sob o mesmo guarda-chuva da fé protestante, porém suas formas de exercer liderança revelam caminhos opostos dentro da mesma tradição: um no front político e midiático, o outro nas arenas digitais e emocionais.
Silas Malafaia — a retórica da convicção
Figura carismática e combativa, Malafaia é pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e há décadas mantém presença constante na televisão, no Congresso e nas redes. É conhecido por sua eloquência incisiva, defesa da moral cristã e posicionamentos políticos firmes.
O documentário Apocalipse nos Trópicos (Netflix, 2025) retrata essa influência no cruzamento entre religião e política, mostrando como sua voz tornou-se símbolo da ascensão do conservadorismo evangélico brasileiro. A crítica social o reconhece como um líder de massas e estrategista religioso-midiático de rara persistência.
Deive Leonardo — o púlpito digital da emoção
No extremo oposto da linguagem, Deive Leonardo constrói pontes pela empatia. Pastor e comunicador de Santa Catarina, ele se tornou o evangelista mais seguido do mundo no Instagram, com milhões de fiéis acompanhando suas mensagens. Seu documentário Antes & Depois (Netflix, 2023) mostra o poder da palavra em tempos de ansiedade coletiva e busca espiritual.
- Mensagem: centrada em cura emocional, fé e esperança.
- Forma: storytelling cinematográfico e redes sociais.
- Público: jovens urbanos e famílias em busca de espiritualidade acessível.
“A fé não é uma fuga da realidade, mas a força para atravessá-la.”
— Deive Leonardo
Duas visões, um mesmo impacto
Enquanto Malafaia age como estrategista da resistência moral e política, Deive Leonardo opera como mensageiro da reconciliação emocional. Suas trajetórias mostram que o movimento evangélico brasileiro não é monolítico: ele abarca desde o discurso combativo até a espiritualidade terapêutica.
Ambos simbolizam a força da fé como ferramenta de influência e transformação — um no espaço institucional, outro no universo digital. Dois rostos de um mesmo fenômeno: o evangelismo brasileiro do século XXI.
